Desde pequenos que sabemos que no futuro teremos de ser “alguém”. Desde pequenos que nos incutem o pensamento através da grande questão de “o que é que queres ser quando fores grande?”. O tempo passa e passa, até que nos deparamos com o dia em que temos que decidir aquilo que queremos ser, o dia em que somos grandes e dizemos que vamos fazer isto ou aquilo. Nem sempre é fácil decidir, para a grande maioria, penso eu, é bastante difícil, por diversas razões.
A primeira razão é simples, estamos na idade em que gostamos de demasiadas coisas, a idade em que nada é uma constante, tudo muda todos os dias, desde o número de furos que fazemos no corpo, o corte ou cor de cabelo, as tatuagens que queremos fazer, os estilos que queremos seguir, as nossas ideologias. Tudo é efémero nesta idade posterior à fase dos porquês, porque nesta idade a questão que vem já não é “porquê?” mas sim “como?”. Esta versão actual é uma fase avançada da já mencionada fase dos porquês, compreendida entre a idade dos 7 a 11 anos, aproximadamente. A questão “como?”, introduz-nos no domínio da segunda razão para o facto de não ser fácil decidir aquilo que queremos ser.
Num mundo onde é cada vez mais difícil sobreviver -e nem digo viver, mas apenas sobreviver- qualquer jovem tem noção que a decisão que tomar irá influenciar todo o seu futuro e percurso, se aos 18 anos o que queremos é autonomia, aos 30 iremos desejar outra coisa, bem mais consistente. Com a conjectura política e económica de Portugal, um jovem neste país que tenha agora iniciado a sua carreira académica tem noção que poderá estar a tirar um curso que não lhe irá trazer futuro nenhum e o futuro aqui, esta ideia que eu tento transmitir de “ter um futuro” é ter um futuro estável, em que não faltem bens essenciais, bens supérfluos não entram na lista apesar de nos fazerem felizes. Tudo aumenta como uma onda de tsunami, desde a idade da reforma até aos impostos.
A nossa vontade é escolher um futuro que nos faça felizes, é preciso gostar daquilo que fazemos, assim a questão não é “o que queres ser quando fores grande?”, mas sim “o que queres fazer para seres feliz?”.